Próximas apresentações públicas do livro

Aqui ficam listadas. Em termos de apresetações presenciais, penso que serão as finais relativas a este livro, pelo menos por ora. Todos estes eventos são abertos ao público, em formato presencial (ou nalguns casos também online).

ISCTE Executive Education, 26 de março, às 17h. Organizado por Rui Vinhas da Silva.

Universidade Lusíada, 2 de abril às 14h. Apresentado por Álvaro Matias, diretor da faculdade. Será transmitido em direto e ficará posteriormente disponível no YouTube, nesta ligação.

Nova SBE, 2 de abril, às 18h. Apresentado por Pedro Oliveira, debate com José Tavares e Ana Duarte Oliveira. Moderação: António Costa (jornalista/publisher do ECO). Cartaz em baixo.

Universidade do Minho, 3 de abril, às 18h. Apresentado por Luís Aguiar-Conraria. Debate com Fernando Alexandre e Sílvia Sousa. Os meus agradecimentos ao João Cerejeira pela organização deste evento em Braga.

Também irei a dois podcasts na zona do Porto, o CdK do Miguel Milhões, e o “Despolitiza” do Tomás Magalhães. Depois vão estar disponíveis no Youtube, etc.

Entrevistas, etc sobre «As Causas do Atraso Português»

Vou juntar neste post algumas menções, entrevistas, e debates sobre o livro «As Causas do Atraso Português». Já aqui mencionei algumas, mas como existiram e ainda vão haver mais, é mais fácil estarem todas centralizadas neste post; sejam referências positivas ou negativos sobre o livro. Sei que não é a lista completa (falaram-me de outras pessoas terem falado do livro na TV, por exemplo, e houve certamente outras referências em jornais, mas não sei detalhes e não tenho as ligações). Não importa que não esteja aqui tudo; a minha intenção é simplesmente reunir aqui o que for apanhando ou me forem enviando, à medida da minha disponibilidade e paciência, para referência futura e para quem possa ter interesse. Tentarei ir atualizando isto, enquanto tiver possibilidade. Nalguns casos faço em baixo uma breve nota informativa sobre o conteúdo de cada um.

SOL / Portugal Amanhã (25/04/2024). Noto duas gralha na versão em papel (já pedi para corrigirem no online). A primeira foi responsabilidade do jornal; escreveram “Também foram essenciais as eleições do 25 de abril de 1976”, mas eu tinha escrito 1975. As duas eleições foram importantes, mas as de 75 foram mais, e foi 1975 que eu tinha escrito, não sei porque trocaram para 1976. A segunda gralha foi responsabilidade minha ao responder por escrito; no final da entrevista, quando falo em “interesses cooperativos”, na verdade queria escrever “interesses corporativos”.

Euronews, (25/04/2024)

CdK (24/04/2024)

Despolariza, (17/04/2024)

Jornal de Notícias (13/04/2024)

Francisco Sarsfield Cabral (04/04/2024), Quando o dinheiro prejudica a economia

Apresentação do livro na Universidade do Minho, 03/02/2024 (fotos do evento; vídeo; declarações numa breve entrevista à rádio local; com um pedido desculpa pela minha falta de voz).

Apresentação do livro na Universidade Lusíada (02/04/2024). Também aqui.

Entrevista ao Diário de Notícias (dada em finais de janeiro, publicada a 02/04/2024). Enviei este email ao jornalista: «Caro Vítor, Obrg pela publicação. No entanto desculpe mas a frase, que é da sua responsabilidade, está errada: “propõe uma visão progressista do Estado Novo, criticando algumas “políticas económicas irresponsáveis” que o sucederam.” Isto sugere uma dicotomia que simplesmente não existe no livro, onde também critico, por exemplo, certas políticas económicas do EN (e elogio outras de certos períodos da democracia). Peço-lhe que apague isso por favor. É falso e deturpa o conteúdo do livro.» Aguardemos a resposta e veremos se corrigem.

Entrevista à Antena 1 (resumo, no ar dia 01/02/2024; e também a versão completa, no ar 07/02/2024).

Entrevista ao ECO (parte 1; parte 2; publicada a 01/04/2024). Noto que o título da segunda parte pode ser enganador; não é um juízo de valor sobre nenhum destes partidos, apenas uma previsão. Depende também do PSD conseguir reformar-se. Gostava que o PSD reforme o país. Isso iria implicar custos de curto prazo (ia doer a alguns) para haver benefícios a prazo. O contexto instável dificulta isso. Penso que deviam arriscar; duvido que o façam, mas gostaria de estar enganado. A previsão que fiz foi nesse cenário, como quem ouvir a entrevista perceberá.

Apresentação do livro no ISCTE (26/03/2024).

Alberto Gonçalves, «Os fundos europeus e os fundilhos portugueses»: Programa “ideias feitas”, Rádio Observador (21/03/2024). Chamo a atenção que desconheço quem tivesse afirmado que os fundos têm um efeito causal negativo (em particular através de um mecanismo político e não apenas ecoómico) antes de mim. Houve em tempos um cartaz da IL em que diziam “temos de acabar com a dependência” mas isso não é a mesma coisa (bastaria crescer, não é um efeito causal). E tiveram candidatos a defender a execução dos fundos, como Pedro Arroja, ou efeitos causais positivos, como Pedro Brinca, o que é contraditório.

José Manuel Fernandes no programa «E o Vencedor é» na Rádio Observador (21/03/2024).

João Miguel Tavares, “Fradues e fundos europeus” (PÚBLICO, 21/03/2024): “Ainda há muito trabalho a fazer para que a ideia central de Nuno Palma entre na cabeça das pessoas”

Crítica XXI: recensão do livro na revista, por Luís Alvim (Inverno 2024).

Tom Gallagher (12/03/2024).

Henrique Pereira dos Santos no blogue Corta-Fitas (10/03/2024).

João Rodrigues Pena no ECO (08/10/2024).

Opinião de Francisco Sarsfield Cabral, Renanscença (01/03/2024).

Entrevista à Rádio Renascença (29/02/2024): “Portugal está bloqueado e capturado por interesses”.

Universidade de Évora, seminário sobre o livro (28/02/2024).

Eduardo Batista Correia, jornal i (27/02/2024), “O peixe ou a cana” e os políticos do atraso”

À mesa do IDL (27/02/2024).

«O atraso português e suas causas», entrevista à Kuriakos TV (27/02/2024).

The European Conservative (23/02/2024). O artigo elogia o meu livro, mas noto que uma afirmação que é feita não está correta (confundem-se taxas de crescimento ou convergência com níveis do rendimento real por pessoa.)

Os All Star e os iPhones (18/02/2024).

Diogo Ramada Curto no Expresso (15/02/2024). Já antes respondi aqui. O mentiroso teve depois alguns seguidores/imitadores, como este, e este, ambos intelectualmente indigentes.

ECO (8/2/2024). Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), considera que «os fundos europeus não são uma “maldição” mas têm de ser bem aplicados, nomeadamente com políticas que o facilitem.» É claramente uma resposta ao meu livro, mas tem a sua graça: não se esperava outra coisa de quem representa empresas que recebem imensos fundos. Mas o meu livro responde a essa acusação, explicando a impossibilidade do que é sugerido. Também escrevi anteriormente sobre essa ideia errada aqui.

Entrevista à Revista Contabilista (janeiro de 2024).

Entrevista, PÁGINA UM (27/01/2024).

Revista EXAME (25/01/2024).

Entrevista à associação LADA: Portugal sempre atrasado porquê? (gravado a 16/01/2024, lançado a 22/01/2024). Nas entrevistas orais por vezes engano-me nalguma palavra; será evidente que há um momento em que digo “votos” e quando queria dizer “assinaturas”, e, por volta do minuto 35, digo século XX quando queria dizer século XVIII.

Vital Moreira: Não é a mesma coisa (3): Uma nova “maldição dos recursos”? (15/01/2023). Já aqui antes mostrei serem falsas (e com óbvia motivação) as afirmações feitas por Vital Moreira.

Entrevista ao Jornal de Negócios (13/01/2023): “O PRR é um desastre para o país. É uma maldição”.

Jornal i (11/01/2024): “Nuno Palma defende que deveria ser criado um pacto de regime, em que os maiores partidos acordassem rejeitar mais fundos europeus.”

Programa Sociedade Civil, RTP2 (emitido a 04/01/2024, gravado a 11/12/2023): “Portugal dos Subsídios”, com Filipe Charters de Azevedo e José Neves (fui depois informado que este é um ex-FP25; ver também esta notícia).

José Miguel Júdice na SIC/Expresso (02/01/2024): “O professor de Manchester procura as causas históricas do nosso atraso (…) ciência do mais alto coturno” (também em vídeo aqui.)

João Pereira Coutinho, na Folha de São Paulo (01/01/2023): “Um dos melhores livros de 2023”.

Um dos livros do ano (2023), segundo o Diário de Notícias (31/12/2023): “Destaca-se pela sadia desfaçatez e convite ao debate.”

Entrevista à Sábado (29/12/2023).

Maria Afonso Peixoto na PÁGINA UM (28/12/2023): “[O autor] critica com igual facilidade tanto as típicas propostas de esquerda como de direita (liberais incluídos) … dificilmente os acólitos das várias ‘seitas’ políticas (vulgo partidos) conseguirão metê-lo numa ‘caixinha’ … Poderá dizer-se que é uma obra polémica, porque desfaz muitos ‘mitos’. Aconselha-se, por isso, uma leitura livre de preconceitos, e uma abertura para questionar até algumas “verdades” ouvidas repetidamente ao longo da vida.”

Observador, “os 50 livros que mais gostámos de ler em 2023” (25/12/2023): “Quem quer que já tenha tido o gosto de ouvir o autor em conferências e debates festejou a notícia da chegada deste livro como o golo de uma verdadeira seleção nacional que, por uma vez, nos ponha a pátria ao espelho para lá da monocultura da bola. O economista, historiador e professor da Universidade de Manchester é um desconstrutor de mitos que olha para Portugal com uma objetividade e um desassombro, lamentavelmente, muito pouco portugueses. Leitura obrigatória para nos ajudar a perceber como chegámos aonde chegámos e, quem sabe, começar a alinhar duas ou três ideias sobre como sair daqui.”

Jornal de Negócios (24/12/2023).

Participação no Programa Prova Oral de Fernando Alvim, Antena 3 (21/12/2023).

Entrevista ao SOL (17/12/2023): “Portugal e o Brasil tornaram-se mais pobres devido à escravatura”

Ricardo Reis, no Expresso (08/12/2023): “o livro «As Causas do Atraso Português» … tem uma análise rica, que percorre diferentes séculos, e com conclusões subtis sobre a incapacidade das nossas instituições políticas e sociais em lidar com aumentos nos recursos disponíveis”.

Jaime Nogueira Pinto no programa “Conversas à Quinta” da Rádio Observador (07/12/2023): “Livro de facto fundamental … tem a qualidade [de escrever de forma clara] … arruma com imensos mitos … muito interessante”

Participação na CNN Portugal (03/12/2023).

Artigo de Nuno Gonçalo Poças no Observador (05/12/2023): “As Causas do Atraso Português … exemplarmente escrito … percorre momentos históricos fundamentais na História do país … e devia colocar-nos a pensar nas raízes profundas que tornam Portugal um país estagnado em termos económicos … ofereceu-nos um precioso trabalho de reflexão e facilitou-nos a auto-crítica … devia deixar-nos todos em sobressalto e a exigir mudanças que permitissem fazer com que não se venha a dar uma ruptura”.

Francisco J. Viegas no Correio da Manhã: “[L]ivro que muito recomendo … Um alerta, releitura da história, sem verniz e com factos – murro no estômago”

João Miguel Tavares no Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer (02/12/2023): “Profundamente original (…) E vale imenso a pena para perceber porque é que Portugal está atrasado”

Participação no Programa Contra-Corrente da Rádio Observador (28/11/2023).

Diogo Ramada Curto, mentiroso e deturpador

A obra de reduzida importância de Diogo Ramada Curto (DRC) não justifica estas linhas. Não diria que DRC é um estoriador (não é uma gralha, e muito menos um erro ortográfico), ao contrário de alguns outros. Digo apenas que é um historiador de fraca qualidade, não sendo autor de qualquer obra relevante. Também por isso mesmo, de resto, não está citado no meu livro «As Causas do Atraso Português», algo que o terá certamente desagradado. Para além disso, é uma pessoa com um historial bem conhecido entre os colegas de espalhar ódio pessoal, talvez motivado pela inveja, como quando arrasou o medievalista José Mattoso logo após o falecimento desse historiador. Ramada Curto também é conhecido por ter agredido o cientista político Pedro Magalhães no Instituto de Ciências Sociais (ICS). Depois de Magalhães ter escrito um artigo num jornal que o desagradou, Ramada Curto foi ao ICS e deu-lhe um pontapé. Classe.

Agora, DRC resolveu escrever no Expresso uma recensão do meu livro que não passa de um monte de mentiras e deturpações, parágrafo a parágrafo. Não lhe respondi antes para não alimentar a polémica, que é idiota e irrelevante. Gente como ele vive da espuma, por isso não vale a pena alimentar a peixarada. Basta ler com atenção o que escrevi no livro e confrontar com o que ele acusa. Ou seja, o livro já responde a esta “recensão”, que não tem nenhuma crítica honesta nem válida, não passando de um monte de mentiras e deturpações.

Para que isto que escrevi fique mais concreto, dou agora alguns exemplos. Acabei por deixar-me convencer que valia a pena fazer isto pelo menos aqui pois sei que já há por aí pessoas a repetir o que inventou sobre o meu livro; claramente, sem terem lido o que de facto escrevi, ou querendo deturpar. Alguns terão apenas simples ódio ideológico mas outros podem deixar-se enganar — ainda que tenham a responsabilidade de ler o que de facto escrevi antes de falar ou escrever. Mas o mundo é o que é. Há dois exemplos recentes escritos que ambos mencionam DRC e repetem alguns dos seus disparates: aqui, e aqui. Têm ambos qualidade confrangedora.

Aproveito para notar que conheço ou pelo menos desconfio de dois motivos pelos quais DRC tem um ódio pessoal contra mim (i.e. o ódio nem sequer é apenas de ordem política ou estritamente académica, mas mesmo pessoal.) Não os irei revelar aqui. Mas é evidente que a confirmar-se, DRC omite-os, tal como não revela os seus viés políticos e ideológicos, esses certos.

DRC começa por acusar-me de ter inventado o motivo do suicídio de Antero de Quental. Ora isso é falso, pois escrevi que Antero “talvez também por isso” se suicidou; i.e., devido ao atraso do país e impossibilidade de o reformar. Aliás, o próprio DRC admite que escrevi isso, logo deduz-se que DRC não sabe interpretar uma frase simples. Ou que mente descaradamente, pois acusa-me de ser “perentório e sem hesitar”. Adiante.

Depois DRC acusa-me de não disponibilizar os documentos e cálculos em que o livro é baseado. Isso é completamente falso: estão todos citados e explicados, de forma sumária no livro, e detalhada nos artigos científicos aí citados e que lhe servem de base. Não faria sentido aprofundar detalhes técnicos num livro de divulgação desta natureza. Mais tarde, DRC considera Jaime Reis um historiador de grande mérito, mas DRC omite que o trabalho de base do PIB, e outros, que DRC critica acusando os números de serem débeis, foi escrito e publicado nas melhores revistas científicas internacionais como o Journal of Economic History por mim — em coautoria com esse mesmo Jaime Reis. DRC está de tal forma cego no seu ódio que não parece ver a contradição em que se meteu.

DRC diz que as afirmações que faço no livro não são confirmadas pelo trabalho de Pedro Cardim. Talvez, mas isso a ser verdade é apenas um problema para o trabalho de Cardim; as afirmações que faço são baseadas no trabalho, mais recente, que fiz com o António Castro Henriques, publicado no Journal of Economic Growth. Depois, DRC deturpa o meu argumento sobre as instituições políticas mostrando que não leu ou não compreendeu, ou escolheu deturpar o argumento que faço na página 239 sobre as várias dimensões institucionais que podem ser apontadas, e todo o conhecimento que temos sobre o facto de haver ditaduras que geraram crescimento, sem isso implicar um juízo de valor. DRC também mente ao dizer que foi só a partir de 1950 que o Estado Novo gerou resultados. É falso: basta ler o que expliquei no capítulo 9 sobre as reformas ainda anteriores que viriam a ter resultados mais tarde. A incoerência de que DRC me acusa não existe.

O que DRC escreve sobre as consequências da expulsão dos jesuítas mostra uma profunda ignorância sobre o trabalho cuidadoso que intelectuais como Francisco Malta Romeiras e Henrique Leitão, citados no meu livro, têm feito. DRC também mostra um tenebroso espírito anti-científico em negar os dados comparados de Stolz et al. (publicados na Economic History Review) e outros autores que cito no livro. DRC dá a entender que a sua recensão num jornal dirigido ao grande público pode ter algum valor em comparação com a literatura científica, mostrando assim a sua natureza provinciana.

DRC acusa-me também, absurdamente, de ter simpatias salazaristas, e pelo Brexit. DRC não sabe ler ou adora deturpar; mas isso já sabíamos. Veja-se o que eu de facto escrevi no livro sobre estas matérias. Inventou também que sou “cavaquista”. Tem muitos fantasmas na cabeça, DRC.

DRC acusa-me ainda de “admitir” a subjetividade – que acusa falsamente de significar enviesamento político – do livro no capítulo 10. Também isso é falso. O que escrevi no início do capítulo 10 foi apenas que esse mesmo capítulo era mais subjetivo que os anteriores, por tratar um período mais contemporâneo relativamente ao qual não há tantos estudos académicos com o distanciamento devido. Não poderia ser de outra forma, e estou aí a fazer uma declaração de interesses que mostra a transparência e honestidade que faltam a DRC.

No fim, DRC revela-se: acusa o meu livro de ser uma lamúria neoliberal, o que diz mais sobre DRC do que sobre mim. Incapaz de apontar uma única causa do atraso, DRC dedicou-se a escrever esta maluqueira. Haveria muito mais para denunciar sobre esta recensão tão palerma, sobre o pasquim chamado Expresso (veja-se esta notícia patética saída há 2 dias) que a publicou, e sobre a academia portuguesa que tantas vezes gera palermas intelectuais sem nenhum valor mas cheios de mania como DRC. Mas este post já vai comprido demais — ainda mais para o que DRC ou o Expresso valem. A recensão é uma vergonha, mas não passa de espuma. Será esquecida, assim como DRC. Aliás, no epílogo do livro já respondo a este tipo de “recensões” que sabia que aí viriam. O teste do tempo há de, primeiro, as expor no seu pleno ridículo, e depois, de as fazer esquecer.

Equívocos e inevitabilidades

«O problema não são os fundos, mas a má utilização que lhes é dada». Esta é a “crítica” que mais ouço por aí relativamente ao meu livro, «As Causas do Atraso Português». Muitas vezes, esta “crítica” vem da direita portuguesa, muita da qual insiste, de forma a meu ver algo tribal ou pelo menos em espírito de claque, que a culpa dos problemas do país são só e exclusivamente culpa do PS. Essa visão, não só desresponsabiliza a própria oposição como não consegue reconhecer que a natureza tanto do partido dominante do regime (o PS) como da própria oposição são um resultado de forças mais profundas, muitas delas de natureza histórica.

A crítica «O problema não são os fundos, mas a má utilização que lhes é dada» cai na categoria (infelizmente, frequente) de “diga que não leu o livro, ou não percebeu, mas tem na mesma opinião e quer falar sobre o seu conteúdo“. Muitas pessoas adoram ouvir-se. Ler primeiro, com atenção, custa mais.

É evidente que a maldição dos recursos é sempre condicional: assim mostra sem sombra de dúvidas os diferentes efeitos (económicos e políticos) que o acesso a petróleo tem na Venezuela vs. na Noruega (digo isto no livro). E no capítulo 10, argumento que Portugal não tem capital humano, instituições políticas suficientemente fortes, e ambiente cultural para que os fundos possam ser bem utilizados. Para além disso, a UE está a dormir relativamente ao que se passa em Portugal: é um país pequeno demais, com pouca importância. É por tudo isto que a má utilização dos fundos é inevitável, esteja quem estiver no poder.

Aproveito para notar que ao comparar a produtividade do trabalho de Portugal e Espanha (que também recebeu fundos europeus, mas já deixou de receber em termos líquidos pois convergiu) na Figura 33 do livro, ilustro o meu argumento sobre o contexto cultural/ideológico e institucional do país que impede a boa utilização dos fundos, resultante da natureza da transição política desde meados dos anos 70. Não é por acaso que não me centro no PIB per capita. Este último está mais diretamente afetados pelos fundos. Olhar para a produtividade do trabalho ilustra melhor o ponto relativamente à tal condicionalidade que quero fazer sobre os fundamentais da sociedade portuguesa. A baixa produtividade do país resulta das más políticas públicas e quadro legislativo inadequado, que por sua vez resulta de opções políticas, que por sua vez resultam de um contexto ideológico, cultural, e de baixo capital humano (ex. baixa literacia financeira). Ver uma discussão interessante do Pedro S. Martins sobre problemas e soluções, infelizmente politicamente improváveis (pelos motivos que o meu livro explica), aqui. Aproveito para deixar aqui o gráfico alternativo a que me refiro na página 274, que ainda é mais dramático do que o que mostro na Figura 33 (o alternativo que mostro aqui é baseado num estudo, citado no livro, de Paulo Brito, Luís Costa, e Carlos Daniel Santos.)

Seminário: discutir «As Causas do Atraso Português” na Universidade de Évora

Com muita simpatia, Carlos Manuel Faísca da Universidade de Coimbra, Fernando Martins da Universidade de Évora, e Paulo Jorge Fernandes da Nova FCSH-IHC, organizaram uma tarde de debate sobre o meu livro. Irá ter lugar dia 28 de fevereiro na Universidade de Évora. O evento é de natureza académica mas está aberto ao público interessado. Quem quiser assistir em pessoa ou online pode fazê-lo (para quem queria online, pode usar este link). Deixo o programa aqui em baixo. Fiquei muito honrado pela iniciativa, que aceitei participar com a devida humildade. Estarei disponível para assinar com todo o gosto as cópias do livro de quem aparecer na Universidade de Évora no dia e tenha esse desejo.